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ToggleMuitos já ouviram falar da esquizofrenia, já pesquisaram nos mecanismos digitais sobre os tratamentos, diagnósticos e medicação, mas a esquizofrenia tem cura? Se colocarmos no mecanismo de busca online mais popular, é uma das pesquisas mais realizadas.
A resposta é um não bem grande. Na verdade, não tem como curar esse tipo de doença. Ela é altamente progressiva, e existe em diversos graus na verdade. Justamente, é um transtorno que atinge em média 1 por cento da população mundial e que consequente, no Brasil, são mais de dois milhões de pessoas com esse distúrbio.
Sendo assim, apesar de poucas pessoas apresentarem a doença, ainda sim ela é um fato e por mais que singela perto da quantidade da população brasileira, necessita de atenção. Posto isso, independentemente se é algo que acomete muito ou poucas pessoas, é um problema de saúde, e é assunto do SUS.
Sendo assim, quem cuida dessa área da saúde mental e que atua no direcionamento dos pacientes que necessitam de atendimento psiquiátrico, seja para manutenção ou para um clínico diagnóstico efetivo da doença são os CAPS ( Centros de Atenção Psicossocial).
Além do mais, existem cartilhas que tais centros fornecem. Nós do Grupo de Reabilitação falamos muito sobre os CAPS quando o assunto é informação sobre a dependência química, entretanto, não se pode deixar de lado outras doenças.
E a esquizofrenia também, justamente porque é um transtorno mental, assim como a dependência química, mas que acomete uma parcela inferior, mas mesmo assim necessita tanto atenção quanto.
Portanto, vamos falar um pouco sobre as curiosidades da esquizofrenia, como ela era tratada antigamente, como era vista e o porque atualmente seja por desinformação ou não, ainda existem pessoas que não sabem recorrer ao tratamento correto.
Além do mais, vamos falar um pouco sobre manicômios, bichos de sete cabeças, hospitais psiquiátricos, clínicas de recuperação, vida em sociedade e por fim se a esquizofrenia tem cura.
O transtorno da mente dívida
Pra quem não sabe, “esquizo” é dividido e é uma palavra derivada do grego. E “frenia” significa mente. Ou seja, é o transtorno da mente dividida. Apesar de hoje ainda existirem muitos estudos sobre o assunto, e uma medicina incrivelmente avançada, especialmente na área da mente humana, pouco se descobriu ao certo sobre a esquizofrenia.
Se realizarmos uma comparação é como se estivéssemos mergulhando nas profundezas do oceano, procurando por respostas, e o transtorno da mente dividida estivesse escondido lá nas fossas das Marianas. Para quem não sabe é o local mais fundo dos oceanos.
Pacientes com esquizofrenia têm uma grave “desestruturação psíquica”. É como se todas as emoções, pensamentos, sensações e sentimentos ficassem em um caldeirão sendo misturadas. Desta forma, fica difícil para eles integrar todos, como fazemos de maneira automática.
Alguns se tornam apáticos, outros se tornam agitados. Alguns não falam coisa com coisa, outros sequer sabem quem são. É complicado, alguns espectadores se entristecem ao ver, outros mais ignorantes, riem. Mas o fato é um só: É uma doença, necessita de diagnóstico, tem tratamento, mas NÃO há cura.
Esquizofrenia ao Longo dos Registros
Entretanto, como é uma doença mal compreendida, e que levou muitas pessoas para fogueira, ruas, morte precoce, abandono e entre outros. Desde tempos remotos, existem relatos da loucura em pessoas da Grécia antiga.
Somente na Grécia antiga que a loucura era vista como uma manifestação divina, e onde as pessoas tratavam dignamente pessoas com transtornos da mente, entretanto, sua história em relação a todos os outros povos foi de dor, sofrimento e morte.
Pessoas que falavam sozinhas, ou que tinham “ideias” que não faziam sentido eram postas de lado, sempre abandonadas, vendidas. Algumas que ainda serviam para trabalhar, por mais problemáticas ou transtornadas que fossem, se pagassem com sua mão de obra, tudo bem.
Mas pessoas que nem pra isso prestassem, ou que tivessem um alto grau de “insanidade”, normalmente eram abandonadas, se fossem mulheres eram estupradas e mortas.
Não se tinha o tratamento para a esquizofrenia, nascer com um transtorno desse, era uma sentença grave. Se o grau do mesmo fosse alto, seria uma sentença de morte. Era a seleção natural dos “homens” para uma doença que pouco se conhecia.
Entretanto, com a revolução industrial, surgiu um certo tipo de lugar para tratar de certas pessoas que tecnicamente não estavam “aptas” a viver em sociedade. Ou que as famílias não gostassem que outras pessoas convivessem ou vissem por perto, então eles levavam essas pessoas nesses locais, ou melhor, centros de tratamento chamados “manicômios“.
De tratamento à Esquecimento
A ideia inicialmente era realizar o tratamento de pessoas que tinham transtornos e concomitantemente tirá-las da sociedade. Ou seja, unir o útil ao agradável. Entretanto, alguns manicômios foram se tornando locais onde eram abandonadas pessoas com deformidades ou com problemas mentais desde muito cedo.
Além do mais, os recursos para essas instituições foram ficando escassos, considerando a quantidade de pessoas institucionalizadas, o que fez com que um caos se instalasse.
A quantidade de verba por cabeça diminuiu tanto que muitos passavam fome e foi aí que a crise psiquiátrica ou a crise manicomial se instalou no Brasil na década de 80. O que incitou em 90 a reforma psiquiátrica no SUS.
Existe um filme que se chama, “Bicho de Sete Cabeça”, estrelado por Rodrigo Santoro que fala sobre a problematização dos manicômios nesta época de reforma, da questão da drogadição, da eletroconvulsoterapia como forma de terapia à dependência química e “castigo” dentro destas instituições.
Eu não sou louco, sou Esquizofrênico!
Graças a todos essas décadas de sofrimento, mas que conjuntamente tiveram autores renomados da psiquiatria da psicologia que auxiliaram na evolução do tratamento e diagnóstico da esquizofrenia. Hoje, muitas pessoas se orgulham de falar que não são loucas, mas que são esquizofrênicas.
Muitos conseguem ir ao médico, ir ao posto e pedir para fazer suas consultas. Claro, ninguém sai falando aos quatro ventos que é esquizofrênico, mas que se dão o valor. Que entendem sua doença e que sabem a real necessidade de tratamento. Hoje, ter o tratamento via SUS da esquizofrenia, é mais que um direito, é uma conquista do cidadão brasileiro em meio à uma história de horror e dor.